Como primeiro exercício na abordagem deste livro, tentei perceber o
que são verdadeiramente as capas que titulam esta obra. Consultando a definição
da palavra, poderemos desde logo associá-la a uma peça de roupa comprida, sem
mangas que se coloca sobre qualquer outra peça de roupa, normalmente com uma função
suplementar de protecção contra o frio. Assim, e para além do frio, as capas
protegem-nos o corpo e a alma. Protegem-nos dos olhares curiosos e das
intenções mais ou menos claras dos que nos rodeiam. Retirando a capa, surge em
todo o esplendor a verdade, os segredos, os desejos, os desabafos, os sonhos,
os poemas…
Abri então as capas, devagar,
tentando não assustar os autores, não interferir nas palavras com que nos
brindam. E assim de capas abertas passeei-me por um erotismo carregado de
imagens, de desejos e nudez carinhosamente descrita, uma nudez que poderei
dizer estar assente na saudade. Assim a apresenta Angelo Vaz, um poeta pintor,
em busca permanente do corpo da mulher amada. Assim se apresenta ele no início
deste seu livro feito em parceria com Fátima Porto. Reconheço várias partes nos
textos que Angelo aqui nos deixa. Uma brilhante colecção de poemas, que
desaguam em dois textos de transição “Puto I” e “Puto II”, um retorno ao amor
paterno. Depois alguns textos poéticos duros, o arar de terrenos difíceis, as
lutas internas violentas mas simultaneamente belas. Por fim, o encerramento da
primeira parte com pensamentos poéticos onde em curtíssimas linhas o autor
resume toda a temática identificável nos poemas e textos anteriores.
Fátima Porto despe aqui a sua
capa, deixando-nos contemplar a sua alma desnudada onde identificamos em muitos
poemas um desapontamento e sofrimento profundos, em forma de “lágrimas e dor”,
“máscaras”, “peito dorido”, “revolta”, “tempestade”. Muito provavelmente, e de
um modo metafórico, Fátima passa para o papel experiências vividas onde apesar
de tudo ainda cabem alguns sonhos e vontades de construir novos “castelos”. Uma
poesia simples, mas de grande riqueza sentimental onde cada um dos leitores
poderá facilmente identificar o seu poema.
“A espera tem sido longa” e o livro não pode ser “atirado ao mar
d’angústias e tristezas”. “O piano” por certo voltará a tocar, “de repente”,
“um acorde forte como um grito” e perceberei que é tempo de voltar a colocar as
capas e deixar os autores resguardados da minha tentação de os incomodar com
perguntas indiscretas…
As a first
exercise in tackling this book, I tried to understand what they are truly
covers titulam this work. Referring to the definition of the word, we
immediately associate it with a long garment without sleeves that is placed on
any other piece of clothing, usually with an additional function of protection
against the cold. Thus, aside from the cold, the covers protect us body and
soul. Protect them from prying eyes and more or less clear intentions of those
around us. Removing the cover, comes in all the splendor of truth, secrets,
desires, venting, dreams, poems ...
Then I opened the cover, slowly, trying not to
frighten the authors and do not interfere in the words that we give. And so it
covers me open I walked by a charged erotic images, nudity and desires
affectionately described, one can say that nudity be based on nostalgia. So
Angelo presents Vaz, a poet painter, constantly seeking the body of the woman
he loves. Thus it appears at the beginning of his book in partnership with
Fatima Porto. Recognize various parts of the texts that Angelo leaves us here.
A brilliant collection of poems, which flow in two transitional texts
"Puto I" and "Puto II," a return to parental love. After
some hard poetic texts, the plowing of land difficult, violent internal
struggles but simultaneously beautiful. Finally, closing the first part with
poetic thoughts in very short lines where the author sums up the whole theme
identifiable in previous texts and poems.
Fatima Port strips his clothes here, leaving
us to contemplate his soul bare in many poems where we identified a deep
disappointment and suffering, in the form of "tears and pain,"
"Masks," "sore breasts", "revolt," " storm.
" Most likely, and a metaphorical way, Fatima is the role experiences
which nevertheless still fit some dreams and desires to build new
"castles." A simple poem, but of great sentimental wealth where each
reader can easily identify your poem.
"The
wait has been long" and the book can not be "thrown into the sea
d'anxieties and sorrows." "The piano" certainly will resume,
"suddenly," "a strong chord like a cry" and I will realize
that it is time to put the covers back and let the authors of my guarded the
temptation to bother with indiscreet questions ...
Nuno Guimarães | Poet
quando se conhece angelo vaz, tem-se a sensação de possessividade, dureza e distância
quando se entra em comunicação com sua imagem inter e exterior e nas suas mensagens orais e escritas, ou transportadas para a tela, a sua docebilidade profunda é tão própria que penetra nos corações sem nos magoar
é no pormenor e no argumento e inspirado nas pessoas, na vida e objectos e neste último capítulo, por vezes erótico e anedótico que se pode dizer, algo para explorar a poesia, sem a tornar complexa e dolente
no autor e na sua obra, não se vê um pretenciosismo, mas nas pequenas razões duma evasão banal ou num quotidiano simples a forma de interpretar o que nos rodeia
rejeita imposições sociais retrógradas de duvidosas influências
tem como suporte - A VIDA - agarrando-se a ela com fervor, gostando de dar aos outros pequenas células vivas de calor humano sem as querer prender
no estado de isolamento a que por vezes se submete, procura encontrar situações para carregar de emoções, o mundo em que vive
na conclusão, estou certa que está alguma coisa do que o autor nos oferece de muito seu, sendo a primeira obra escrita e talvez não seja a última
maria luisa gonçalves
(coimbra | 1992)
when you know angelo vaz, one gets the feeling of possessiveness, hardness and distance
when it starts communicating with its image abroad and inter-and in their oral and written messages, or transported to the screen, its own docebilidade is so deep that penetrates to the heart without being hurt
is the argument in detail, and inspired in people, objects and life and in this last chapter, sometimes erotic and anecdote that can be said, something to explore poetry, without making it complex and sorrowful
the author and his work, does not see a pretenciosismo, but the reasons a small drop in a banal or everyday simple way to interpret our surroundings
backward social rejects charges of questionable influences
is supported - LIFE - clinging to it with fervor, like to give to other small living cells without the warmth of want to hold
the state of isolation that sometimes undergoes, trying to find situations to carry the emotions, the world you live
In conclusion, I am sure that is something of which the author gives us a lot of your being the first work written and may not be the last
maria luisa goncalves
(coimbra | 1992)
when you know angelo vaz, one gets the feeling of possessiveness, hardness and distance
when it starts communicating with its image abroad and inter-and in their oral and written messages, or transported to the screen, its own docebilidade is so deep that penetrates to the heart without being hurt
is the argument in detail, and inspired in people, objects and life and in this last chapter, sometimes erotic and anecdote that can be said, something to explore poetry, without making it complex and sorrowful
the author and his work, does not see a pretenciosismo, but the reasons a small drop in a banal or everyday simple way to interpret our surroundings
backward social rejects charges of questionable influences
is supported - LIFE - clinging to it with fervor, like to give to other small living cells without the warmth of want to hold
the state of isolation that sometimes undergoes, trying to find situations to carry the emotions, the world you live
In conclusion, I am sure that is something of which the author gives us a lot of your being the first work written and may not be the last
maria luisa goncalves
(coimbra | 1992)