22.12.11

A CAMINHO DAS DESCOBERTAS E CAPAS

prefácio | preface




Como primeiro exercício na abordagem deste livro, tentei perceber o que são verdadeiramente as capas que titulam esta obra. Consultando a definição da palavra, poderemos desde logo associá-la a uma peça de roupa comprida, sem mangas que se coloca sobre qualquer outra peça de roupa, normalmente com uma função suplementar de protecção contra o frio. Assim, e para além do frio, as capas protegem-nos o corpo e a alma. Protegem-nos dos olhares curiosos e das intenções mais ou menos claras dos que nos rodeiam. Retirando a capa, surge em todo o esplendor a verdade, os segredos, os desejos, os desabafos, os sonhos, os poemas…
 Abri então as capas, devagar, tentando não assustar os autores, não interferir nas palavras com que nos brindam. E assim de capas abertas passeei-me por um erotismo carregado de imagens, de desejos e nudez carinhosamente descrita, uma nudez que poderei dizer estar assente na saudade. Assim a apresenta Angelo Vaz, um poeta pintor, em busca permanente do corpo da mulher amada. Assim se apresenta ele no início deste seu livro feito em parceria com Fátima Porto. Reconheço várias partes nos textos que Angelo aqui nos deixa. Uma brilhante colecção de poemas, que desaguam em dois textos de transição “Puto I” e “Puto II”, um retorno ao amor paterno. Depois alguns textos poéticos duros, o arar de terrenos difíceis, as lutas internas violentas mas simultaneamente belas. Por fim, o encerramento da primeira parte com pensamentos poéticos onde em curtíssimas linhas o autor resume toda a temática identificável nos poemas e textos anteriores.
 Fátima Porto despe aqui a sua capa, deixando-nos contemplar a sua alma desnudada onde identificamos em muitos poemas um desapontamento e sofrimento profundos, em forma de “lágrimas e dor”, “máscaras”, “peito dorido”, “revolta”, “tempestade”. Muito provavelmente, e de um modo metafórico, Fátima passa para o papel experiências vividas onde apesar de tudo ainda cabem alguns sonhos e vontades de construir novos “castelos”. Uma poesia simples, mas de grande riqueza sentimental onde cada um dos leitores poderá facilmente identificar o seu poema.
“A espera tem sido longa” e o livro não pode ser “atirado ao mar d’angústias e tristezas”. “O piano” por certo voltará a tocar, “de repente”, “um acorde forte como um grito” e perceberei que é tempo de voltar a colocar as capas e deixar os autores resguardados da minha tentação de os incomodar com perguntas indiscretas…
 Nuno Guimarães|poeta


As a first exercise in tackling this book, I tried to understand what they are truly covers titulam this work. Referring to the definition of the word, we immediately associate it with a long garment without sleeves that is placed on any other piece of clothing, usually with an additional function of protection against the cold. Thus, aside from the cold, the covers protect us body and soul. Protect them from prying eyes and more or less clear intentions of those around us. Removing the cover, comes in all the splendor of truth, secrets, desires, venting, dreams, poems ...
Then I opened the cover, slowly, trying not to frighten the authors and do not interfere in the words that we give. And so it covers me open I walked by a charged erotic images, nudity and desires affectionately described, one can say that nudity be based on nostalgia. So Angelo presents Vaz, a poet painter, constantly seeking the body of the woman he loves. Thus it appears at the beginning of his book in partnership with Fatima Porto. Recognize various parts of the texts that Angelo leaves us here. A brilliant collection of poems, which flow in two transitional texts "Puto I" and "Puto II," a return to parental love. After some hard poetic texts, the plowing of land difficult, violent internal struggles but simultaneously beautiful. Finally, closing the first part with poetic thoughts in very short lines where the author sums up the whole theme identifiable in previous texts and poems.
Fatima Port strips his clothes here, leaving us to contemplate his soul bare in many poems where we identified a deep disappointment and suffering, in the form of "tears and pain," "Masks," "sore breasts", "revolt," " storm. " Most likely, and a metaphorical way, Fatima is the role experiences which nevertheless still fit some dreams and desires to build new "castles." A simple poem, but of great sentimental wealth where each reader can easily identify your poem.
"The wait has been long" and the book can not be "thrown into the sea d'anxieties and sorrows." "The piano" certainly will resume, "suddenly," "a strong chord like a cry" and I will realize that it is time to put the covers back and let the authors of my guarded the temptation to bother with indiscreet questions ...
Nuno Guimarães | Poet

prefácio | preface




quando se conhece angelo vaz, tem-se a sensação de possessividade, dureza e distância
quando se entra em comunicação com sua imagem inter e exterior e nas suas mensagens orais e escritas, ou transportadas para a tela, a sua docebilidade profunda é tão própria que penetra nos corações sem nos magoar
é no pormenor e no argumento e inspirado nas pessoas, na vida e objectos e neste último capítulo, por vezes erótico e anedótico que se pode dizer, algo para explorar a poesia, sem a tornar complexa e dolente
no autor e na sua obra, não se vê um pretenciosismo, mas nas pequenas razões duma evasão banal ou num quotidiano simples a forma de interpretar o que nos rodeia
rejeita imposições sociais retrógradas de duvidosas influências
tem como suporte - A VIDA - agarrando-se a ela com fervor, gostando de dar aos outros pequenas células vivas de calor humano sem as querer prender
no estado de isolamento a que por vezes se submete, procura encontrar situações para carregar de emoções, o mundo em que vive
na conclusão, estou certa que está alguma coisa do que o autor nos oferece de muito seu, sendo a primeira obra escrita e talvez não seja a última

maria luisa gonçalves
(coimbra | 1992)



 when you know angelo vaz, one gets the feeling of possessiveness, hardness and distance
 when it starts communicating with its image abroad and inter-and in their oral and written messages, or transported to the screen, its own docebilidade is so deep that penetrates to the heart without being hurt
 is the argument in detail, and inspired in people, objects and life and in this last chapter, sometimes erotic and anecdote that can be said, something to explore poetry, without making it complex and sorrowful
 the author and his work, does not see a pretenciosismo, but the reasons a small drop in a banal or everyday simple way to interpret our surroundings
 backward social rejects charges of questionable influences
 is supported - LIFE - clinging to it with fervor, like to give to other small living cells without the warmth of want to hold
 the state of isolation that sometimes undergoes, trying to find situations to carry the emotions, the world you live
 In conclusion, I am sure that is something of which the author gives us a lot of your being the first work written and may not be the last


 maria luisa goncalves
 (coimbra | 1992)