30.12.11

por vezes, muitas vezes...

(auto-retrato | técnica mista+acrílico sobre tela | colecção do autor)

por vezes
muitas vezes
calo pensando
em certos momentos
cheios de vazio
como somos guindastes
de água e células
de fraca força
e pouca vontade!

por vezes
muitas vezes fracassamos
quando primeiros julgamos ser
donos e senhores de nossa força!

às mulheres de corpo
virgem ou abandonado
tomadas e torneadas por palavras
como deusas
musas
ou carne de prazer marinheiro...!

à imagens grotescas de homens
não prateados pela civilização
apelidados de monstros
perecendo engolir o mundo
repartido pelas descobertas...!

por vezes
muitas vezes
calo pensando
em certos momentos
cheios de vazio
como somos guindastes
de água e células
de fraca força
e pouca vontade!

por vezes
muitas vezes
ouço palavras
que são areias movediças...!

por vezes muitas vezes
vejo sorrisos
da fraca força e pouca vontade...!

por vezes
muitas vezes
ouço discursos
cheios de vazio
do homem moderno...!

por vezes
muitas vezes
calo pensando
em certos momentos
cheios de vazio
como somos guindastes
de água e células
de fraca força
e pouca vontade!

não querendo ser homem primeiro
não temendo as imagens grotescas
dos homens
não prateados pela civilização
dou-me às mulheres
de corpo virgem ou abandonado!

não querendo ser homem primeiro
contento me ser aquilo que sou
despido até à alma
angelo vaz!

por vezes
muitas vezes
calo pensando
em certos omnetos
cheios de vazio
como somos guindastes
de àgua e células
de fraca força
e pouca vontade!

(publicado in A CAMINHO DAS DESCOBERTAS em 1992)