30.12.11

árvore genealógica

(estudo para àrvore genealógica de angelo vaz | tinta da china + mais gouache sobre papel | colecção do autor)

meu espirito fugido
meu corpo abandonado
esperam pelas raízes.

as folhas estão secas
os frutos amagos
as raízes partidas.

um dia e neste talvez
regue com meu sangue
terra minha abandonada
querida por uns
não amada por outros.

quantos laços
por mim chamaram
não conhecendo minha imagem?

a seca é dura
na terra minha abandonada!

meu berço foi vizinho do ouro
minha vida é ferro amarrado
a estrada é fria e distante
mas o tempo a aconchegará.

vida
a dor perdura
na minha terra distante
nesta vida de amargura.

não quero maisdor
vou combater na terra distante
quero ser vivo e grande
não separado pelo abandono
não querendo ser inimigo
da vida!

espiríto, viola meu corpo
leva meus braços saudosos
da vida!

a seca é dura
na minha terra distante!

(publicado in A CAMINHO DA DESCOBERTAS em 1992)